31 de mai. de 2010

Abstrato Sólido III

Certa vez me fizeram uma pergunta: Qual é a coisa, situação, ou local que mais te aborrece? A cabeça pois-se a trabalhar e a rememorar a intensidade das sensações. Tudo que me vinha a mente não era nada digno de muita importância ou eram coisas que já não me aborreciam mais. Pensar nessas coisas com diferentes pré-disposições de espírito é algo fascinante. Podemos dizer que, o valor que atribuímos a cada coisa é determinado pelo estado de espírito em que nos encontramos naquele momento. Podemos ir mais a fundo quando incluímos o conceito de equilíbrio na jogada, mais coisas ficam claras.

Hoje em dia, a coisa que mais me aborrece é a acomodação de todos. É saber que todos poderiam ser e fazer muito mais do que são e do que fazem hoje. O ambiente físico nos limita e a sociedade nos limita ainda mais. Esses são os dois fatores principais que criam a nossa realidade. Pra completar, acabamos nos limitando ainda mais quando misturamos a imagem que é feita de nós com a imagem que nós temos de nós. A base sólida necessita que a aparência e o que é visceral em nós, estejam harmonia. Se for mais a fundo, me aborrece o fato de todo o sistema corroborar para isso, mas isso é algo mais complicado, mais abrangente, que vem se desenvolvendo ao longo dos milhares de anos e que é feito de uma forma que suspeito ser orquestrada. Vem sendo maquinado, ruminado, experimentado, intensificado e disseminado constantemente. Antigamente pela força física, e hoje de diversos modos. Quando um desses modos falha, existe sempre um outro para sobrepor o modo falho.

Muitos não podem, ou melhor, tem pouquíssimas oportunidades. Para esses, treinar a paciência vai ser um bom exercício. É gozado observar esses que não podem. Quando querem acabam chegando muito mais longe do que aqueles que podem ser algo com relativa facilidade. A grande maioria necessita de tensão, de estresse, de chicotes, senão todos permanecem onde estão, esse é o mecanismo natural de regulagem. É raro ver alguém que pensa, imagina ou cria. Que se desvencilhou das concepções, do cabresto do mundo.

O fisíco é sensório, suplantar a realidade física pelo pensamento, pela imaginação. A imaginação tem uma potência claramente superior quando comparada a realidade, ela pode gerar "sensações" que a realidade não vai gerar, ela gera então uma "realidade". Essa é uma meta.

O social é moral, é cultural, é limitador, é um direcionamento que nos serve somente até determinado momento de nossas vidas. Suplantar os hábitos culturais por hábitos pessoais. Mas suplantar agora, pela ciência e não mais pelo mito. O mito é importante, criemos então mitos "científicos", unirão o palpável com uma imaginação fértil. Essa é a outra meta.

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