31 de dez. de 2010

Arquétipos

"Dream is the personalized myth, myth the depersonalized dream; both myth and dream are symbolic in the same general way of the dynamics of the psyche. But in the dream the forms are quirked by the peculiar troubles of the dreamer, whereas in myth the problems and solutions shown are directly valid for all mankind."

O sonho é o mito personalizado e o mito é o sonho despersonalizado; o mito e o sonho simbolizam, da mesma maneira geral, a dinâmica da psique. Mas, nos sonhos, as formas são destorcidas pelos problemas particulares do sonhador, ao passo que, nos mitos, os problemas e soluções apresentados, são válidos diretamente para toda humanidade.

The Hero with a Thousand Faces, Joseph Campbell

29 de dez. de 2010

Devaneio Discordiano

ATCHUNG! Esta história que irão ter o (des)prazer de acompanhar pode ser verdadeira. Pode, também não o ser. Verdade e mentira... duas faces da mesma moeda. Pode ainda não ser nenhum dos dois casos. Interpretações tanto literais como metafóricas são encorajadas – desde que não usadas como desculpa para queimar alguém ou fazer explodir as torres gêmeas.
Obrigado.

Conta-se que há muitos séculos atrás... quando a deusa Éris conheceu YHVH (será que devíamos contar isto?) a senhora não ficou nada impressionada. E o aspecto físico de Éris é do tipo que qualquer sujeito faria de tudo para impressionar.

- "Eu sou o Alfa e o Omega, sabes?" (disse YHVH, puxando conversa) "Sou o Todo-poderoso. E não há coisa que eu não possa fazer!... "

- "Oh!... A sério?..." Respondeu Éris bocejando de tédio e mais preocupada em observar Teseu que se baixava para apanhar um cigarro que se soltara do maço – os gregos usavam aquelas togas e... sempre que se baixavam para apanhar coisas, era uma indecência – e sujeitos como Teseu estavam sempre a deixar cair coisas... Alguns historiadores como Rutherford e Newton, inclusive sustentam a tese de que o clássico "deixar cair o lenço" das mulheres nasceu na Grécia, para que as indecências acontecessem.

- "Eu sempre gostei mais de Pi. De Kappa. Alfa é muito nariz empinado, sabes? Por ser o primeiro & tal. E o Ómega, a não ser que esteja inserido numa trindade... mas não, não faz o meu género".

- "Trindade?", (aqui YHVH pensou durante uns segundos, o que não era hábito dele) "Mas, madamme... Diga-me alguma coisa que possa fazer".

Éris no mesmo momento teve a certeza de que ele a estava a seduzir. Olhou-o dos pés à cabeça e teve a ideia de criar discórdia. Aliás, essa era a sua função enquanto divindade.

- "Ok"!... (disse ela, cruzando os braços) "Diz àquele sujeito que olhe para mim..."

- "Eu?" (Perguntou YHVH, es-pan-ta-do) "Acho melhor não, sabes?..."

- "E que tal aquele?"

- "Abraão? Tudo bem. O que queres que faça?".

- "Manda... Olha, ele que mate o filho".

Nessa época os deuses ainda sabiam o nome e as bisbilhotices que iam pelo mundo sem necessidade de recorrer a revistas cor-de-rosa. Hoje em dia, divindades como YHVH possuem assessores para lidar com isso e não se dão ao trabalho de saber, sequer, o nome do papa.
YHVH chamou então um dos seus garotos de recados (formalmente conhecidos hoje como anjos, mas que na época não eram absolutamente nada respeitados). Para se ter uma idéia, no panteão egípcio, YHVH tinha a mesma fama de Michael Jackson por causa de seus "garotos" de quem diz "gostar de dividir a cama... ou seria o pão(?) com eles".

- "Oh não!... Não mates o pobre rapaz!" Disse Éris quando se apercebeu das intenções de YHVH.

- "O quê?" Perguntou YHVH confuso.

- "Não podes fazer tudo o que te dá na bolha, Gama?" Desafiou-o.

- "É Alfa e Omega. E posso sim!..." disse ele antes de assobiar para um de seus garotos. Este olhou para ela e mostrou-lhe a língua ou algo pior. Já não me recordo muito bem da parábola.

- "Estás a ver?" perguntou YHVH, enquanto olhava para o garoto que interrompeu Abraão no seu ritual... claro que Abraão ficou realmente furioso quando o garoto com asas de galinha surgiu e disse "Punk’d" ou algo parecido.

- "Não!... Não podes". Gritou Éris.

- "Claro que posso".

- "Não. Não podes".

- "Eu aposto que posso, querida! Eu aposto por De... Pela vida do meu único filho!"

- "Ok, Faz-me um círculo quadrado". respondeu Éris, farta de o aturar.

- "Foda-se!...", pensou, mas não disse, YHVH.

Éris olhou para ele com um sentimento de pena e saiu de cena. Passados alguns minutos de reflexão, YHVH saiu colérico (alguns dizem que a chorar). Saiu e foi contar a todos que Eva comera a bendita maçã. Na verdade ela (Eva) era apenas a mulher do jardineiro. Eles eram naturalistas.
Só muitos séculos depois, é que YHVH pagaria a aposta.

O resto é história.

20 de dez. de 2010

Devaneio

Sócrates era um cara esperto! Um dia, um certo sacerdote malandrops, vendo que o tal sujeito estava se tornando pop na velha Atenas, pensou e re-pensou formas de tirar alguma vantagem disso. Passou algum tempo procurando uma forma grandiosa de pavonear a si e o velho, visando é claro, conseguir alguns favores, aumentar seu prestígio, enfim, fazer uma certa politicagem, e diga-se de passagem, coisa muito comum desde aquela época. Foi quando lhe veio à mente, a maravilhosa idéia de usar o todo poderoso oráculo em suas maquinações. Pois bem, depois de tudo pensado e esquematizado, era só aguardar o momento propício para puxar o saco, ou em outras palavras, de paparicar o velho. Foi então, numa praçinha qualquer da velha Atenas durante uma das ensinanças do velho, que surge o malandrops sorrateiramente. Todos acham um pouco estranho mas não dão muita importância e logo a sua presença se dilui entre os ouvintes. Depois de muito tempo e sem entender nada do que o velho indagava, num momento oportuno, o sumo-malandrops interrompe o velho, agora vestindo uma máscara de humildade mas sem perder a sua pomposidade, e lhe diz: "Trago-lhe uma mensagem Do'alto. Recebi-a diretamente do Oráculo de Delfos. Tu é o mais sábio dentre todos os sábios." Alguns ali presentes ficam estupefados com tal revelação, outros já torcem o nariz diante de tal fato. Sócrates, que não era bobo nem nada, pensou: "Que sacerdote #$%!@#. Tá querendo me endeusar. Justo eu? Como sair dessa? Já sei! Vou sair limpo dessa, nem privilengiando esse sacana, nem indo contra esse Oráculo." Calmamente o velho, sem transparecer nada, caleijado pelo uso das palavras e suas associações com o pensamento, desvia o olhar para o malandrops e pronuncia o seguinte: "Só sei que nada sei."

14 de dez. de 2010

RBN

"a sensação do curso do tempo é diretamente proporcional à qualidade e à quantidade dos pensamentos que fluem"

1 de dez. de 2010

Psiquismo I

Re-educação, referenciais, percepção

Ultimamente, o tema "referenciais" sempre vagueia em minha mente durante minhas observações ou maquinações de um objeto ou de um acontecimento qualquer. É particularmente curioso observar que esse processo do "referenciar-se" não ocupa um lugar relevante nos atuais processos ordinários, seja no cotidiano ou em algo mais elaborado. Isso não é uma novidade pois, os antigos gregos, por exemplo, já o aplicavam em suas tragicomédias ao observarem que os momentos cômicos de uma peça eram mais intensos após um acontecimento trágico.

É necessário reeducar-se, ao menos para nós, reles mortais que tivemos durante todo o nosso principal processo de formação, uma educação ordinária e que, infelizmente, é normal para "todos". Para que isso aconteça, primeiramente, é necessário adquirir referenciais. Creio que assim podemos compreender durante o período em que estamos "referenciados", as estranhezas que ocorrem durante nossa vida, ou seja, no que pensamos, no que fazemos e no que sentimos. Isso é uma tentativa, antes de mais nada, de transcender nosso "ponto-de-vista particular", ou em outras palavras, aquilo que "adquirimos", afim de fazer, conhecer e perceber o que quer que seja, de uma maneira mais imparcial, objetiva, em suma, real. Será possível? Assim, em pensamentos, chegamos muito longe, mas chegamos também em absurdos pela falta de um limite. Entretanto, não há nada de ilógico nisso, há apenas um grande trabalho a ser feito.

Por muito tempo acreditei que para adquirir essa "visão" do que é real e do que realmente importa era necessário um afastamento. Esse é um meio mas não o único. É um tanto complexo imbuir-se destes referenciais, pois essa é uma daquelas coisas "sutis" que acabam caindo no esquecimento principalmente por serem sobrepujadas pelo "turbilhão" de pensamentos, de ações e emoções que nos circundam. Além de uma série de outros fatores que valem destacar: a "vontade débil" e uma "consciência fragmentada". Nossa atenção, ímpetos e desejos são capturados por esse turbilhão, o que torna indigno esse modo de vida onde não se obtêm o controle de si, ou seja, de seus pensamentos, ações e emoções.

Qual é a finalidade de tudo isso? Onde isso vai dar? Perguntam os inconscientes, ou os "conscientes fragmentados". Aonde você quiser, aonde sua capacidade de interpretação, associação, ação e sensação alcançarem. De minha parte, "tendencío", nos momentos mais elevados, a formular e procurar, perguntas e respostas, que sejam universais, atemporais, fundamentais, imparciais. De maneira que possam ser aplicadas sobre qualquer coisa, em qualquer lugar e a qualquer momento.