11 de jul. de 2011

Apresentação - O Mundo como Vontade e como Representação

Inúmeras vezes iniciei a leitura da obra prima do Tio Schop, e mesmo fazendo grandes esforços, nunca consegui terminá-la. Trata-se uma obra muito densa, escrita por uma personalidade ímpar e isso a distingue de qualquer bagatela boa de se ler. Apesar de muitos os enquadrarem como um pessimista é comum as obras dele te darem aquele "curto-circuito" inspirador ao revelar uma nova forma de encarar o Mundo. Ainda entro em conflito com diversas idéias e conceitos dele mas sempre me arrependo posteriormente e lembro que esses tipos de seres dificilmente estão errados. Depois de paparicar o velho, (o que não faz mal, já que ele está em uma outra dimensão, hehe) segue uma pequena e brilhante síntese do tradutor de "O mundo como Vontade e como Representação", editora UNESP, 2005.

Toda vida é sofrimento. E mesmo que os desejos sejam satisfeitos e levem ao alívio do sofrer, contra cada desejo satisfeito existem dez que não o são; e o desejo satisfeito volta ao fim da fila, exigindo nova satisfação, com o que a ilusão se renova. Se os desejos são satisfeitos muito rapidamente, sobrevém o tédio; se demoram, sobrevém a necessidade angustiosa. O primeiro é mais comum às classes sociais ricas; esta última, às classes sociais pobres. Paliativos contra tal estado de coisas são sobretudo os narcóticos e as viagens de turistas. Em ambos os casos o homem tenta fugir de si mesmo, da própria condição, do seu "maior delito" - ter nascido. A razão é impotente para mudar esse estado de coisas; Schopenhauer a aponta como secundária em relação ao querer cósmico, é um mero momento dele, e nisso o filósofo revoluciona a tradição, para a qual o querer era um momento racional, como Descartes exemplarmente indica em suas Meditações metafísicas. O homem, assim, perde a proteção da faculdade racional, e os demônios do mundo são revelados, vê-se nitidamente o inferno do sofrimento e da irrazão, comprovados pelas guerras e violências em seus aspectos mais tenebrosos.

Lembrando que, para Tio Schop, a contemplação das artes elimina temporariamente esse sofrimento, se invertem os papéis e o homem deixa de Representar para estar como um expectador da Vontade.

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